sábado, 7 de maio de 2011

Poema de Charles Baudelaire

Primeiro o original em francês, depois a tradução mais abaixo.


À une passante

La rue assourdissante autour de moi hurlait.
Longue, mince, en grand deuil, douleur majestueuse,
Une femme passa, d'une main fastueuse
Soulevant, balançant le feston et l'ourlet;

Agile et noble, avec sa jambe de statue.
Moi, je buvais, crispé comme un extravagant,
Dans son oeil, ciel livide où germe l'ouragan,
La douceur qui fascine et le plaisir qui tue.

Un éclair... puis la nuit! — Fugitive beauté
Dont le regard m'a fait soudainement renaître,
Ne te verrai-je plus que dans l'éternité?

Ailleurs, bien loin d'ici! trop tard! jamais peut-être!
Car j'ignore où tu fuis, tu ne sais où je vais,
Ô toi que j'eusse aimée, ô toi qui le savais!


A uma passante

A rua ensurdecedora ao redor de mim urrava.
Longa, magra, em grande luto, dor majestosa,
Uma mulher passa, de uma mão faustosa
Erguendo, balançando o festão e a bainha;

Ágil e nobre, com sua perna de estátua.
Eu bebia, crispado como um extravagante,
No seu olho, céu lívido onde nasce o furacão,
A doçura que fascina e o prazer que mata.

Um raio... e depois a noite! — Fugitiva beleza
Cujo olhar me fez repentinamente renascer,
Só te verei de novo na eternidade?

Além, muito longe daqui! Muito tarde! Talvez jamais!
Porque ignoro para onde foste, tu não sabes aonde vou,
Ó tu que eu amei, ó tu que o sabias.


Do livro Les fleurs du mal (As flores do mal)
Charles Baudelaire (1821-1867)

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