domingo, 9 de junho de 2013

Resenha do livro: “Crítica ao fetichismo da individualidade”






















FICHA TÉCNICA
Título: Crítica ao fetichismo da individualidade
Autor: vários. Organização de Newton Duarte.
Ano: 2012, 2ª edição.
Editora: Autores Associados


Esta é uma obra que recomendo fortemente a professores, estudantes de licenciaturas e pesquisadores da área educacional. E vou mais além, diria que esta obra é uma leitura obrigatória nos nossos tempos.

A coletânea organizada por Newton Duarte trata de temas como: problemas na concepção pós-moderna de indivíduo, crítica à pedagogia das competências, atitude antiescolar, ideologia nas teorias de linguagem, contradições na gênese da história da psicologia, o fetichismo da infância, a imagem idealizada de família e como esta imagem é alimentada por educadores e psicólogos. Isso apenas para citar alguns dos assuntos que são objetos de reflexão em cada um dos nove capítulos deste livro.

Os textos possuem uma abordagem humanista e extremamente atual. Em comum, todos os autores partilham do método histórico-dialético contemporâneo. Ao longo de debates teóricos, outras abordagens também surgirão e serão analisadas, desde Freud, Piaget e Vigotski até a teoria dos atos de fala, entre outras.

Os autores são: Alessandra Arce, pós-doutora em história e filosofia da educação; Dermeval Saviani, filósofo e livre-docente em história da educação; Maria Sílvia Cintra Martins, graduada em Letras, doutora em Linguística; Marilda Gonçalves Dias Facci, pós-doutora em psicologia; Silvana Calvo Tuleski, psicóloga e mestra em educação; Lígia Márcia Martins, psicóloga, livre-docente em psicologia da educação; João Henrique Rossler, psicólogo, doutor em educação; Sonia M. Shima Barroco, psicóloga, mestra em fundamentos da educação; Newton Duarte, pedagogo e livre-docente.

Destaco aqui os textos de Lígia Márcia Martins e de Sonia M. Shima Barroco pelo modo excelente como souberam problematizar o tema em seus respectivos capítulos e pela forma consistente como desenvolveram suas críticas.

Também gostei muito da introdução redigida pelo organizador do livro, na qual ele demonstra habilidade até mesmo para a análise literária, ao abordar a narrativa bíblica.

O nono capítulo, também de autoria de Newton Duarte, apresenta uma reflexão relevante e bem estruturada. Antes de lançar a sua crítica sobre a pós-modernidade, o autor expõe o que os filósofos pós-modernos entendem por individualidade.


DUARTE, 2012, p. 198:


Segundo os pós-modernos, o indivíduo típico da modernidade seria ativo, empreendedor, um explorador tentando submeter a seu domínio racional as forças da natureza, incluídas aquelas que a espécie humana carrega em si. [...] Por sua vez, o pós-modernismo afirma que não existe esse indivíduo com um núcleo essencial de identidade, pois todas as pessoas são fragmentadas e aquilo que nos habituamos a chamar de individualidade estaria em contínuo processo de dissolução. Segundo os pós-modernos, todo indivíduo se divide em papéis múltiplos e efêmeros, em máscaras descartáveis, estando a personalidade em contínua dissolução no fluxo caótico de uma realidade sociocultural [...]. ¹


Partindo desse ponto, o autor estabelece diálogos com os pós-modernos, problematizando item por item, dialeticamente. Seu texto marca pontos com o leitor ao oferecer uma reflexão didaticamente formatada, sem desapontar na riqueza e profundidade teóricas.

Em resumo, a obra completa é um convite à superação da alienação. Uma leitura provocativa e indispensável.



¹ DUARTE, Newton (org.). Crítica ao fetichismo da individualidade.
Campintas, SP: Autores Associados, 2012.